17 out 2024

Dark Patterns: como evitar práticas enganosas no UX Design e proteger seus usuários

Imagem ilustrativa: pessoa com experiência ruim com Dark Patterns

Você já navegou em um site ou aplicativo e se sentiu induzido a decidir que não era realmente o que queria?  Ou talvez tenha passado por uma experiência onde parecia impossível cancelar uma assinatura e desativar sua conta? 

Essas situações são exemplos clássicos de Dark Patterns, práticas manipulativas no design digital.

Neste artigo, vamos explicar o que são os Dark Patterns, por que são perigosos, qual o impacto que causam na experiência do usuário, e como você pode proteger seus usuários dessas práticas enganosas. 

O que são Dark Patterns? 

Dark Patterns (ou padrões manipulativos) são estratégias de design digital criadas para manipular os usuários, levando-os a tomar decisões que beneficiam a empresa em vez de suas próprias necessidades ou desejos. 

Ao contrário de um design transparente, que facilita a experiência do usuário, os Dark Patterns exploram vulnerabilidades cognitivas e psicológicas, induzindo o usuário a fazer escolhas que ele normalmente evitaria, impactando negativamente a experiência do usuário.

Esses padrões estão presentes em diversas plataformas, principalmente em e-commerce e aplicativos móveis

Um exemplo prático é quando você está finalizando uma compra online e, de repente, percebe que um seguro ou serviço adicional foi incluído no seu carrinho sem seu consentimento. Esse é o tipo de prática enganosa que caracteriza um Dark Pattern.

Os Dark Patterns também são frequentemente chamados de Deceptive Design (design enganoso), um termo mais amplo que engloba todas as práticas de design que intencionalmente confundem ou enganam os usuários. 

Um outro exemplo clássico dessa prática é o Confirmshaming, onde o design usa mensagens para envergonhar o usuário por não seguir uma ação proposta pela empresa, como uma janela pop-up com as opções:

  • “Sim, eu quero economizar!”
  • “Não, prefiro pagar mais caro.”

Essa abordagem tenta forçar o usuário a tomar uma decisão favorável à empresa, usando a culpa como ferramenta de persuasão

O termo Dark Patterns foi criado por Harry Brignull em 2010 como uma crítica às práticas de design que manipulam os usuários de forma enganosa. Brignull, um especialista em experiência do usuário (UX), observou como muitas empresas usavam truques sutis em suas interfaces para influenciar as escolhas dos consumidores de maneira desonesta. 

A proliferação dos Dark Patterns está fortemente ligada ao uso indiscriminado de métodos de otimização de conversão. Empresas utilizam esses testes para medir qual versão de um design resulta em mais cliques, conversões ou vendas. O problema surge quando essas métricas de curto prazo são priorizadas sobre a experiência a longo prazo do usuário. A busca por resultados imediatos leva muitas vezes à implementação de práticas manipulativas, como as que vemos em Dark Patterns.

Além disso, quando uma empresa adota essas práticas, outras tendem a copiá-las, criando um ciclo onde o design enganoso. À medida que essas práticas foram sendo copiadas entre concorrentes, o uso de Dark Patterns se tornou comum, até começar a ser amplamente criticado por reguladores e defensores dos direitos dos consumidores.​

Imagem ilustrativa: Por que Dark Patterns são perigosos? 
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Por que Dark Patterns são perigosos? 

No design digital, é comum que empresas utilizem técnicas de persuasão para incentivar o usuário a tomar uma ação, como concluir uma compra ou se inscrever em um serviço. Isso, por si só, não é antiético, desde que as informações sejam apresentadas de forma clara e transparente​ (CRS Reports).

No entanto, os Dark Patterns ultrapassam esse limite, transformando a persuasão em engano. Eles manipulam o usuário, escondendo informações importantes ou forçando uma ação que não está é de seu interesse. 

Projetados para explorar situações como a pressa, a inexperiência ou a falta de atenção, os Dark Patterns afetam especialmente os usuários mais vulneráveis, como aqueles com menos familiaridade com tecnologia ou outros conhecimentos técnicos. Isso acontece porque eles são mais propensos a cair nas armadilhas criadas por esses padrões, resultando em prejuízos financeiros e perda de controle sobre suas informações pessoais 

Um dos maiores perigos dos Dark Patterns é que eles acabam com a confiança na empresa quando o usuário percebe que foi enganado e se traído pela marca.

Além disso, os Dark Patterns podem ter consequências legais sérias. Em várias regiões, como o Brasil com o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD),  e na União Europeia com o GDPR, o uso de práticas manipulativas pode resultar em multas e processos judiciais.

Qual é o impacto dos Dark Patterns na Experiência do Usuário? 

Os Dark Patterns têm efeitos negativos significativos tanto para os consumidores quanto para as empresas. Um estudo da Dovetail feito 2023 mostrou que 43% dos consumidores online deixaram de comprar em varejistas que utilizam essas práticas manipulativas, prejudicando a confiança e a reputação da marca​.

Além disso, segundo Federal Trade Commission e o Congressional Research Services, 40% dos usuários relataram consequências financeiras inesperadas, como a compra de produtos mais caros ou a inscrição em serviços indesejados. Essas situações são muitas vezes desencadeadas por notificações enganosas, como mensagens de “última chance”, que forçam o usuário a tomar decisões precipitadas​.

Os Dark Patterns podem transformar uma experiência positiva em uma de frustração e desconfiança. Em seu livro “Deceptive Patterns: Exposing the Tricks Tech Companies Use to Control You”, Harry Brignull demonstra que, apesar de gerar conversões a curto prazo, o uso de Dark Patterns prejudica o engajamento e a retenção a longo prazo

Quando o cliente percebe que foi enganado, ele tende a abandonar a marca e muitas vezes compartilha sua insatisfação publicamente, levando-o a buscar opções mais transparentes. Esse comportamento impacta diretamente a sua fidelidade e prejudica a imagem da empresa.

Imagem ilustrativa: Quais são os 13 Dark Patterns mais comun
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Quais são os 13 Dark Patterns mais comuns?

Como vimos anteriormente, os Dark Patterns são práticas de design digital que, de forma sutil, manipulam o usuário para que ele tome uma decisão que, na verdade, não é do seu interesse. Eles podem estar presentes em qualquer interface digital, e muitas vezes passamos por eles sem perceber de imediato. 

A seguir, vamos explorar os 13 Dark Patterns mais comuns, com exemplos práticos para você identificar e evitar essas armadilhas.

Isca e troca (Bait and Switch)

Esse padrão acontece quando o usuário clica esperando realizar uma ação, mas é redirecionado para algo completamente diferente. Já se sentiu frustrado ao tentar fechar uma janela de pop-up, mas acabou sendo levado para outra página? Isso é Isca e Troca.

Essa prática gera sensação de engano, mina a confiança do usuário e prejudica a reputação da marca, pois o cliente sente que foi manipulado.

Constrangimento de confirmação (Confirmshaming)

Esse padrão utiliza a culpa para manipular o usuário. Em vez de permitir que ele recuse uma oferta de maneira neutra, o design o faz sentir-se mal por não seguir a ação desejada.Por exemplo: um pop-up oferece um desconto com as opções “”Sim, eu quero aprender a melhorar minhas habilidades!” e “Não, prefiro ficar sem aprender”. 

Essa experiência gera desconforto e uma experiência negativa, fazendo com que o usuário sinta-se manipulado emocionalmente, o que pode afastá-lo da marca.

Adicionar ao carrinho sem permissão (Sneak into Basket)

Aqui, produtos ou serviços são adicionados ao carrinho automaticamente, sem o consentimento claro do usuário. Isso pode acontecer em compras online, onde itens extras são inseridos no carrinho durante o processo de finalização.

Por exemplo: ao comprar um celular, um seguro adicional é automaticamente incluído no carrinho sem que você tenha optado por ele.

Essa prática gera desconfiança, frustração e, frequentemente, abandono do carrinho porque o usuário se sente forçado a pagar por algo que não escolheu.

Motel de baratas (Roach Motel)

Você já tentou cancelar uma assinatura e se deparou com um processo longo e frustrante? O Roach Motel facilita a entrada, mas torna extremamente difícil sairEssa prática é muito comum em serviços de assinatura, em que você inicia com um clique, mas exige uma ligação telefônica e passar por vários atendentes para cancelar.

Esse padrão irrita os usuários e pode resultar em críticas públicas e reclamações, prejudicando a reputação da empresa.

Custos ocultos (Hidden Costs)

Quem nunca ficou surpreso ao ver o preço de um produto aumentar drasticamente no final da compra por causa de taxas ou custos adicionais? Isso é Custos Ocultos, um dos padrões mais comuns em e-commerce.

Esse tipo de prática frequentemente leva ao abandono do carrinho e gera frustração, prejudicando a experiência do usuário e a confiança na marca.

Privacidade sugada (Privacy Zuckering)

Esse padrão acontece quando os usuários são induzidos a compartilhar mais dados do que desejavam, sem que estejam cientes das consequências. As permissões são amplas e pouco claras, o que leva o usuário a entregar informações desnecessárias.

Por exemplo: um aplicativo de jogos que solicita acesso a seus contatos, fotos e localização, sem explicar claramente por que precisa desses dados.

Essa prática viola a privacidade dos usuários e pode levar a problemas legais, especialmente em locais com regulamentações de proteção de dados como o GDPR e a LGPD.

Continuidade forçada (Forced Continuity)

Aqui, o usuário é cobrado automaticamente após o término de um período de teste gratuito, sem ser adequadamente avisado ou sem que exista uma opção fácil de cancelamento.

Esse comportamento é comum em serviços de streaming, que oferecem um mês grátis e, ao fim do período, começa a cobrar automaticamente, sem enviar lembretes ou oferecer um cancelamento simples.

Essa prática afeta diretamente a confiança do usuário e pode gerar ações legais, já que muitos se sentem enganados ao verem cobranças inesperadas.

Desvio de atenção (Misdirection)

Em vez de deixar as opções claras, o design desvia a atenção do usuário para a ação que interessa à empresa, ocultando opções mais vantajosas.

Um exemplo bem cotidiano dessa prática é ao navegar em um site, o botão “Aceitar cookies” é destacado e chamativo, enquanto o botão “Recusar” é pequeno e difícil de encontrar.

Essa prática é considerada desoneta e prejudica a experiência do usuário.

Anúncios disfarçados (Disguised Ads)

Esses são anúncios que parecem conteúdo autêntico, confundindo o usuário e levando-o a interagir com um anúncio sem perceber que se trata de publicidade. Um bom exemplo acontece em sites de notícias, quando os anúncios aparecem com o mesmo formato dos artigos, sem serem identificados claramente como patrocinados.

Isso irrita o usuário e prejudica a credibilidade do site, já que ele sente que foi enganado ao interagir com o conteúdo.

Spam de amigos (Friend Spam)

Esse padrão acontece quando um serviço utiliza os contatos do usuário para enviar mensagens ou convites sem sua permissão explícita. Isso pode aontecer quando um app de rede social pede acesso aos seus contatos e, sem aviso, envia convites automáticos para seus amigos, fazendo parecer que você os convidou.

Essa prática danifica a imagem da empresa e pode afastar novos usuários, além de causar constrangimento para o usuário que teve seus contatos usados indevidamente.

Pré-seleção (Preselection)

Aqui, as opções que favorecem a empresa já vêm selecionadas por padrão, e o usuário pode acabar concordando com algo sem perceber.

Por exemplo: durante a finalização de uma compra, a opção para “Receber newsletters” já está pré-marcada, sem que o usuário tenha notado.

Esse tipo de prática mina a confiança do usuário e pode gerar cancelamentos ou bloqueios de comunicação, além de prejudicar a relação com a marca.

Insistência (Nagging)

Esse padrão consiste em bombardear o usuário com notificações e pop-ups insistentes, mesmo após ele ter recusado uma oferta.

A prática gera frustração, cansa o usuário e muitas vezes leva ao abandono do site ou do aplicativo.

Perguntas enganosas (Trick Questions)

Aqui, as perguntas são intencionalmente formuladas de maneira confusa, induzindo o usuário a escolher a opção errada.

Por exemplo: “Você não gostaria de não receber nossas newsletters?”, onde uma resposta afirmativa acaba significando o oposto do que o usuário queria.

Desta forma, o usuário se sente confuso e acaba tomando decisões indesejadas, o que gera uma experiência negativa e desconfiança.

Imagem ilustrativa: Dark Patterns no produto digital
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Como identificar Dark Patterns no design do seu produto? 

Se você suspeita que o design do seu produto pode estar utilizando Dark Patterns, é importante ficar atento a certos sinais e adotar práticas que garantam a transparência e a ética no design. Identificar esses padrões desde o início ajuda a evitar frustrações e garante que os usuários tenham uma experiência positiva e confiável com a sua marca.

Sinais de que você está usando Dark Patterns

Existem alguns sinais claros de que o design pode estar manipulando o usuário de maneira não ética. Vamos destacar os principais:

  • O cancelamento é mais complicado que a inscrição?

Um grande alerta de Dark Pattern é quando cancelar um serviço é muito mais difícil do que se inscrever. Se o processo de entrada é simples, mas o de saída exige múltiplos passos ou obstáculos, isso pode indicar um Roach Motel, onde é fácil entrar, mas difícil sair.

  • Itens adicionais são incluídos sem aviso?

Se produtos ou serviços extras estão sendo automaticamente adicionados ao carrinho de compras, sem o usuário perceber, você pode estar utilizando o Sneak into Basket. Essa prática leva à desconfiança e pode prejudicar a experiência de compra.

  • As opções de recusa são difíceis de encontrar?

Quando o botão “Aceitar” está em destaque e a opção de “Recusar” está escondida ou mal posicionada, o design está desviando o usuário para uma ação que favorece a empresa, um clássico exemplo de Desvio de Atenção (Misdirection).

  • As informações são claras e diretas?

Certifique-se de que o usuário está recebendo informações precisas e sem omissões, especialmente em relação a preços, políticas de cancelamento ou coleta de dados.

  • Há pressão emocional envolvida?

Se o design inclui contagens regressivas falsas ou mensagens que induzem urgência, como “Última chance”, você pode estar pressionando o usuário de maneira não ética.

A Importância de testes com usuários

Realizar testes de usabilidade é uma prática essencial para identificar onde os Dark Patterns podem estar prejudicando a experiência do usuário. Esses testes fornecem insights valiosos sobre como os usuários interagem com seu produto e como eles se sentem em relação ao processo de navegação e tomada de decisão.

Lembre-se de que os padrões mais sutis podem passar despercebidos pelos usuários. Por isso, além de observar o comportamento deles, é fundamental fazer perguntas que investiguem suas percepções. Isso ajudará a garantir que o design seja intuitivo e não induza o usuário a tomar decisões indesejadas.

Aprenda mais sobre como fazer um teste de usabilidade neste artigo. 

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Como proteger seus usuários dos Dark Patterns?

Manter a confiança e transparência é fundamental para qualquer empresa que deseja construir uma relação duradoura com seus usuários. Aqui estão algumas práticas para proteger seus usuários de cair em armadilhas manipulativas no design digital.

  • Certifique-se de que todas as informações sobre produtos, serviços e cobranças sejam claras e fáceis de entender;
  • Evite esconder detalhes importantes em rodapés ou textos longos e complicados. Mantenha uma comunicação objetiva e acessível, para que o usuário compreenda tudo antes de tomar uma decisão;
  • Deixe o controle nas mãos do usuário, destacando tanto as opções de aceitar quanto de recusar. Por exemplo, se você oferece uma opção para aceitar cookies, a opção de recusar deve estar igualmente visível e acessível;
  • Evite opções pré-marcadas. O usuário deve escolher ativamente suas preferências, como a inscrição em newsletters ou aceite de termos;
  • Como recomendado no estudo de Dominique Kelly e Victoria Rubin, o botão de desativação de conta deve estar em local visível e de fácil acesso, para que o usuário não tenha que procurar em submenus ou configurações complexas;
  • Evite manipulação emocional ao tentar convencer o usuário a permanecer. Mensagens como “Você realmente quer sair?” podem parecer inofensivas, mas criam pressão emocional e frustram o usuário;
  • As etapas para cancelamento ou desativação devem ser diretas e rápidas. Evite longos blocos de texto que escondem links ou opções de sair. Quanto mais simples e claro for o processo, melhor será a experiência do usuário;
  • Garanta que os usuários saibam exatamente o que estão fazendo a cada passo. Mensagens claras de confirmação, como “Você está prestes a assinar este serviço”, ou “Confirma a exclusão da conta?”, permitem que o usuário tenha controle total sobre suas ações. Isso reduz o risco de decisões erradas e proporciona tranquilidade ao navegar.

Aprenda a criar uma jornada do usuário satisfatória neste artigo.

O que acontece se sua empresa usar Dark Patterns?

O uso de Dark Patterns pode gerar sérias implicações legais, especialmente quando afetam a transparência e autonomia do consumidor.

Tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo, as leis de proteção ao consumidor e de privacidade são claras quanto à necessidade de garantir que o usuário esteja totalmente informado e em controle de suas decisões. Vamos entender como o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil regulam essas práticas.

Na União Europeia, a General Data Protection Regulation (GDPR) impõe exigências rigorosas quanto à transparência no tratamento de dados, enquanto nos Estados Unidos, estados como a Califórnia estão ampliando suas leis de proteção ao consumidor e à privacidade.

Um caso famoso sobre penalização por uso de Dark Patterns é a Epic Games, que foi multada em US$ 520 milhões pela Federal Trade Commission (FTC) dos Estados Unidos. A empresa foi penalizada por usar Dark Patterns que induziam crianças a fazer compras não intencionais dentro do jogo, além de dificultar o processo de reembolso​.

Outro caso envolve a Amazon, que enfrentou processos por dificultar o cancelamento de assinaturas do Amazon Prime, uma prática típica de Roach Motel.

Imagem ilustrativa: Legislação contra Dark Patterns
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Veja o que diz a legislação brasileira sobre o uso de Dark Patterns: 

Código de Defesa do Consumidor (CDC)

No Brasil, o CDC (Lei n.º 8.078/1990) protege os consumidores contra práticas abusivas e manipulativas, como as que são comumente encontradas nos Dark Patterns. Quando uma empresa utiliza padrões de design manipulativos, ela pode estar violando os seguintes artigos:

  • Informação Inadequada ou Omissão (Art. 6º, III): O consumidor tem o direito de receber informações claras e precisas. Práticas como esconder informações importantes em letras pequenas ou dificultar o acesso a termos e condições violam esse direito.
  • Práticas Abusivas (Art. 39): Impor barreiras ou embaraços ao consumidor que deseja exercer seus direitos, como cancelar um serviço ou obter informações sobre um produto, é considerado abusivo. Dark Patterns como o Roach Motel, onde é fácil entrar, mas difícil sair de uma assinatura, violam esse artigo.
  • Publicidade Enganosa ou Abusiva (Art. 37): Quando uma empresa usa técnicas manipulativas que induzem o consumidor ao erro, como omitir informações relevantes ou enganar sobre a verdadeira natureza de um produto ou serviço, ela pode ser penalizada por publicidade enganosa.

Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)

A LGPD (Lei n.º 13.709/2018) é outra legislação importante que regulamenta o tratamento de dados pessoais no Brasil. Ela exige que as empresas obtenham o consentimento explícito e informado dos usuários antes de coletar ou processar seus dados. Muitas vezes, os Dark Patterns violam a LGPD, especialmente em situações onde os usuários são induzidos a fornecer seus dados sem perceber ou sem terem sido informados adequadamente.

Por exemplo, práticas como o Privacy Zuckering, que induz o usuário a aceitar permissões amplas sem uma explicação clara de como seus dados serão usados, são uma violação direta dos princípios da transparência e autonomia estabelecidos pela LGPD. A coleta de dados precisa ser transparente e voluntária, e as empresas que não cumprem essas exigências estão sujeitas a multas e outras sanções.

Aprenda mais sobre LGPD neste artigo.

O que fazer se você foi lesado por práticas de Dark Patterns?

Caso você tenha sido vítima de Dark Patterns, como a coleta indevida de dados pessoais ou a imposição de barreiras para cancelar um serviço, é importante saber que você tem o direito de buscar reparação legal. Aqui estão os caminhos disponíveis:

  • Reclamações em órgãos de defesa do consumidor: você pode registrar uma queixa no Procon, que fiscaliza as práticas abusivas e protege os direitos dos consumidores no Brasil.
  • Ação judicial: se houve danos morais ou materiais, você pode buscar indenização através da justiça.
  • Denúncias à ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados): a ANPD é responsável por fiscalizar o cumprimento da LGPD no Brasil. Caso seus dados tenham sido coletados ou tratados de maneira abusiva, você pode registrar uma denúncia diretamente com a ANPD.
Imagem ilustrativa: o que aprendemos com os Dark Patterns?
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Ética no UX Design: o que aprendemos com os Dark Patterns?

Nos últimos anos, a discussão sobre ética no UX Design se intensificou, impulsionada pelo reconhecimento dos impactos negativos que os Dark Patterns têm sobre os usuários e a reputação das marcas. Felizmente, o setor está passando por uma mudança importante, onde práticas éticas e transparentes estão ganhando força e sendo vistas como a chave para um futuro mais sustentável e respeitoso no design digital.

Muitas empresas já perceberam que, embora os Dark Patterns possam oferecer conversões rápidas, eles acabam prejudicando a fidelidade do cliente e a confiança no longo prazo. 

A responsabilidade ética dos designers

Um dos maiores defensores do design ético, Harry Brignull, argumenta que os designers de UX e UI têm uma responsabilidade clara ao criar interfaces digitais. No seu livro “Deceptive Patterns: Exposing the Tricks Tech Companies Use to Control You”, ele faz um forte apelo para que designers e empresas priorizem a clareza e a honestidade em vez de usar truques para enganar os usuários​.

Brignull ressalta que, em vez de focar apenas em métricas de conversão, os designers devem considerar o impacto a longo prazo de suas escolhas, pensando no relacionamento com o usuário. Um design que respeita o tempo, a privacidade e a autonomia do usuário cria confiança, algo que é muito mais valioso para a empresa no longo prazo do que qualquer ganho imediato.

À medida que os usuários se tornam mais conscientes dos Dark Patterns, cresce a demanda por transparência e respeito no design. Harry Brignull também aponta que as pressões do público e as novas regulamentações — como a GDPR na Europa e a LGPD no Brasil — estão acelerando essa mudança. As empresas que persistirem no uso de Dark Patterns estarão cada vez mais isoladas e sob risco de penalizações legais e críticas públicas​. 

Aprenda mais sobre User Experience

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